quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Amar, esquecer
Desde sempre, e sempre foi pra ti
Foi para ti
Que desfolhei a chuva
Para ti soltei o perfume da terra
Toquei no nada
E para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
E todas me faltaram
No minuto em que talhei
O sabor do sempre
Para ti dei voz
Às minhas mãos
Abri os gomos do tempo
Assaltei o mundo
E pensei que tudo estava em nós
Nesse doce engano
De tudo sermos donos
Sem nada termos
Simplesmente porque era de noite
E não dormíamos
Eu descia em teu peito
Para me procurar
E antes que a escuridão
Nos cingisse a cintura
Ficávamos nos olhos
Vivendo de um só
Amando de uma só vida
=
Mia Couto
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Cabeleira
Era uma vez uma garota que foi trancada por sua família em uma torre muito alta, colocada lá por ser teimosa e geniosa, defeitos (?) inaceitáveis, e por ter uma voz diferente das dozelas do vilarejo.
Lá ela tinha de tudo, ou, quase tudo. Toda as as manhãs ao acordar tudo o que precisava lá estava.Quem colocava e como colocava ela não sabia, pois na alta torre não havia portas.
Ela não tinha muito o que fazer por isso aperfeiçoou-se na arte da cozinha.Cozinhava e passava horas a cantarolar na única janela da torre.
Certo dia, enquanto no fogo estava sua nova receita, ela foi até a janela e começou a cantar, foi quando percebeu que estava sendo observada por um lindo cavaleiro montado em seu cavalo.
- Abra a porta, linda moça. Convida-me a entrar!
- Não há portas !
E virando -se para vê-lo melhor suas tranças que depois de tanto tempo sem corte haviam crescido muito cairam janela a fora, o rapaz ao ver tão imensas tranças agarrou-as e escalou a torre até entrar. A moça ainda surpresa pela visita e com o couro cabeludo dolorido perguntou:
Lá ela tinha de tudo, ou, quase tudo. Toda as as manhãs ao acordar tudo o que precisava lá estava.Quem colocava e como colocava ela não sabia, pois na alta torre não havia portas.
Ela não tinha muito o que fazer por isso aperfeiçoou-se na arte da cozinha.Cozinhava e passava horas a cantarolar na única janela da torre.
Certo dia, enquanto no fogo estava sua nova receita, ela foi até a janela e começou a cantar, foi quando percebeu que estava sendo observada por um lindo cavaleiro montado em seu cavalo.
- Abra a porta, linda moça. Convida-me a entrar!
- Não há portas !
E virando -se para vê-lo melhor suas tranças que depois de tanto tempo sem corte haviam crescido muito cairam janela a fora, o rapaz ao ver tão imensas tranças agarrou-as e escalou a torre até entrar. A moça ainda surpresa pela visita e com o couro cabeludo dolorido perguntou:
-O que te trouxe até esses lados, foi o canto
doce da minha voz?-Não, foi o cheiro bom da comida !
E isso virou rotina, todas os dias o jovem cavaleiro vinha, arragava as tranças da moça e entrava.A alegria pela visita era tão imensa quanto a cabeleira, mas as dores de cabeça e nas costas tão grande quanto.
-Sabe, andei pensando, você bem podia comprar uma escada, já não ando suportando as dores por carregar você na escalada.Você tem o dobro do meu peso, uma escada seria de muito valor.
-Escada!! Ficou doida?? Sabe quanto custa uma escada? E tem mais, eu ando guardando dinheiro pra trocar de cavalo.Nem pensar em gastar com essa bobeira de escada !
-Sabe, andei pensando, você bem podia comprar uma escada, já não ando suportando as dores por carregar você na escalada.Você tem o dobro do meu peso, uma escada seria de muito valor.
-Escada!! Ficou doida?? Sabe quanto custa uma escada? E tem mais, eu ando guardando dinheiro pra trocar de cavalo.Nem pensar em gastar com essa bobeira de escada !
A jovem não acreditava no que estava ouvindo, e desde então começou a tecer uma corda com os fios que perdia todos os dias ao pentear a longa cabeleira. Não levou muito tempo e lá estava uma firme corda.Mas o jovem cavaleiro não queria usar a corda, pois não acreditava que era resistente o bastante para suportar seu peso, já que de tanto comer a deliciosa comida havia engordado, e obrigava a moça a jogar as tranças.
-Jogue-me as tranças, tenho fome e quero subir !
-Jogue-me as tranças, tenho fome e quero subir !
A moça já não aguentava mais, nem era a solidão que a atormentava, pois agora tinha companhia, mas a presença de alguém que não a ouvia, que não a valorizava.
Depois de um farto almoço, o jovem como de costume, foi tirar seu cochilo, a moça cabeluda não pensou duas vezes, lançou a corda de cabelos pela janela com uma das pontas presa ao pé da cama onde o moço dormia e saiu da torre.Montada ao cavalo
via ao longe sua morada ficando menor e distante.
A jovem mudou radicalemente sua vida, inclusive a cor da enorme cabeleira. Hoje não gosta mais de cozinhar mas canta lindamente, já não é mais um canto da janela, mas para um público faminto de sua voz firme e doce e tão diferente de tudo, que quanto mais se ouve mais se quer ouvir.
O jovem cavaleiro? Pelo que se sabe ainda mora na torre.
Depois de um farto almoço, o jovem como de costume, foi tirar seu cochilo, a moça cabeluda não pensou duas vezes, lançou a corda de cabelos pela janela com uma das pontas presa ao pé da cama onde o moço dormia e saiu da torre.Montada ao cavalo
via ao longe sua morada ficando menor e distante.
A jovem mudou radicalemente sua vida, inclusive a cor da enorme cabeleira. Hoje não gosta mais de cozinhar mas canta lindamente, já não é mais um canto da janela, mas para um público faminto de sua voz firme e doce e tão diferente de tudo, que quanto mais se ouve mais se quer ouvir.
O jovem cavaleiro? Pelo que se sabe ainda mora na torre.
Deixando a barba crescer.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Sonho Colorido de Um Pintor
Sonhei que pintei minhas noites de amarelo
Lindas estrelas no meu céu eu coloquei
O feio que era feio ficou belo
Até o vento do meu mundo eu perfumei
Numa apoteose de poesia
Num conjunto de harmonia
Uma lua roxa para iluminar
As águas cor-de-rosa do meu mar
Meu sol eu pintei de verde
O feio que era feio ficou belo
Até o vento do meu mundo eu perfumei
Numa apoteose de poesia
Num conjunto de harmonia
Uma lua roxa para iluminar
As águas cor-de-rosa do meu mar
Meu sol eu pintei de verde
Que serve pra enxugar lágrimas
Se um dia precisa
A dor e a tristeza
Fiz virar felicidade
Aproveitei a tinta
E pintei sinceridade
Pintei de azul o presente
De branco pintei o futuro
O meu mundo só tem primavera
O amor eu pintei cinza escuro
Pra lá eu levei a bondade
Dourada é sua cor
Aboli a falsidade
O meu povo é incolor
Na entrada do meu mundo
Tem um letreiro de luz
Meu mundo não é uma esfera
Tem o formato de cruz
Se um dia precisa
A dor e a tristeza
Fiz virar felicidade
Aproveitei a tinta
E pintei sinceridade
Pintei de azul o presente
De branco pintei o futuro
O meu mundo só tem primavera
O amor eu pintei cinza escuro
Pra lá eu levei a bondade
Dourada é sua cor
Aboli a falsidade
O meu povo é incolor
Na entrada do meu mundo
Tem um letreiro de luz
Meu mundo não é uma esfera
Tem o formato de cruz
=
Talismã e B. Lobo
(Tom Zé)
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