domingo, 31 de maio de 2009
Conversa em Silêncio (ou quase)
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma
Fecho pois a boca e conversemos através da alma
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo
Vem...
O que tem mais cabimento
O que é menos boboca
Morar numa oca
Comendo paçoca
Ou viver rabujento
Num apartamento
Qual a melhor cena
Enfeitado de penas
Deitar numa rede
E ficar sossegado
Ou correr contra o tempo
Sempre apressado?
Sempre contente
Ou viver no escuro
Planejando o futuro
O que é menos primata
O que dá mais arrepio
Tomar banho no rio
Mesmo no frio
Ou a assombração
Chamada poluição?
O que é mais sensato
Correr pelo mato
Sem usar sapato
Ou ter chulé
E criar calo no pé?
domingo, 24 de maio de 2009
sábado, 23 de maio de 2009
Era uma vez
Que fazem brilhar olhos de crianças
E criam um novo mundo
E no mundo do Era uma vez
O Viveram felizes é agora
Misteriosamente
Essas palavras trazem Passado e Futuro
Para o Presente
E dentro do Era uma vez o amor cresce
Floresce
Acrescenta
E deixa a certeza de que há mais
De querer mais
Torna fantasia realidade
E faz da realidade uma doce fantasia
Vem
Preenche com meu colo teus espaços
Do avesso do meu não, faz o teu sim
Vem poetar de amor dentro de mim
Seguindo meu caminho
Meu espírito solitário te sonha em todas as coisas
Minha alma te busca por trás de toda emoção
Meu caminho está repleto de teu nome!
Simples e Completo
Padre Fábio de Melo
domingo, 17 de maio de 2009
Música
A canção da vida
Que vai se compondo
Nota por nota
Combinando acordes e melodia
De forma harmoniosa
Utilizando sentimentos íntimos para se formar
Lágrimas que desaguam para aliviar
A explosão de emoção que brota do coração
Que nem sempre são tristes
Que nem sempre são felizes
E na busca da melodia
As palavras jorram
Nem sempre de forma ordenada
Nem sempre tão clara quanto deveria ser
Mas que tentam explicar as notas
Que vibram dentro do peito
Numa necessidade inesplicável de existir
Combinação chamada vida
E vida que chama e convida
A felicidade à dançar
terça-feira, 12 de maio de 2009
Nenhum perigo
Sou quieta como folha de outono
Esquecida entre as páginas de um livro
Sou definida e clara como o jarro
Com a bacia de ágata no canto do quarto
Se tomada com cuidado
Verto água límpida sobre as mãos
Para que se possa refrescar o rosto
Mas
Se tocada por dedos bruscos
Num segundo me estilhaço em cacos
Me esfarelo em poeira dourada
Caio Fernando Abreu
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Pra ti
Para ti criei todas as palavras
E todas me faltaram
No minuto em que talhei
O sabor do sempre
Para ti dei voz
Às minhas mãos
Abri os gomos do tempo
Assaltei o mundo
E pensei que tudo estava em nós
Nesse doce engano
De tudo sermos donos
Sem nada termos
Simplesmente porque era de noite
E não dormíamos
Eu descia em teu peito
Para me procurar
E antes que a escuridão
Nos cingisse a cintura
Ficávamos nos olhos
Vivendo de um só
Amando de uma só vida
Mia Couto
domingo, 10 de maio de 2009
Mães Más
Um dia quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes:
- As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais, ovos e torradas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. E ela nos obrigava a jantar a mesa, bem diferente das outras mães que deixavam seus filhos comerem vendo televisão. Ela insistia em saber onde estávamos a toda hora (tocava nosso celular de madrugada e "fuçava" nos nossos e-mails). Era quase uma prisão.
Dr. Carlos Hecktheuer
sexta-feira, 8 de maio de 2009
...
Era uma vez......
um músico
que acreditava que ao entonar uma canção mágica
numa borboleta se fazia...
Mas um dia
ao pousar na rosa que sempre o acolhia
ouviu uma linda canção
que a rosa ouvia...
e assistiu fascinado
a rosa se transformar
numa deusa que sorria...
e até hoje a história se repete...
seja de noite ou seja de dia
e os dois se encontram no jardim
e escutam música em harmonia
Não é a canção que é mágica
Nem é da deusa a magia...
O que os une é o amor...
O mesmo amor...
Que um dia
também criou a melodia...
B. e P.
Dizia -se uma vez...
Que um encanto uma fada fez.
Entre um casal que muito amor unia
E que a palavra de tanto amor sumia,
A fada fez surgir os três pontinhos por magia.
E no contato dos lábios
A tradução desse novo dialeto se fazia.
E até hoje...
Muitos tentam o significado saber
Mas sem amor não tem como ler.
O que se sabe,
E que depois de um longo beijo
E com os lábios ainda repletos de desejo
Do casal embebecido de amor
Em um sussurro quase de dor
Ouve - se ...
" Eu te amo, te amo demais..."
Poema
Quem não souber nem sentir
De forma imediata
O que é a poesia
Nunca poderá aprendê-lo
Diferente, como a noite do dia
Da arte da fala e da palavra
João Barrento
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Se...
Fugiria para sempre
Do teu corpo, das mãos quentes
Mas sou frágil como um grão de neve
Derreto-me com leves sussurros
E a ternura estonteia-me
Sofro de constante abstinência de amor
Pedro Paixão
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Viagem pelo Céu
A guardar astros que serão bordados
A recolher os olhos deslumbrados
Depois de uma viagem pelo céu...
Natércia Freire
Doce
Que todos os doces de coco
Minha boca é tão docinha
Como a fruta da minha quinta
Tenho os seios para dar
Duas laranjas do loje
Tenho nos olhos pitangas
Tão boas de namorar
Tenho o Sol na barriga
E doçura da manga nos braços
Quem quer a minha vida
Pra adoçar os seus cansaços?
António Cardoso
Cor
É preciso soltar o ritmo que me prende.
Esta amarra de ferro à palavra e ao som.
Emudecer, no espaço, o arco e a corrente
E ser nesta varanda um pouco só de cor.
Não saber se uma flor é mesmo uma criança.
Se um muro de jardim é proa de navio.
Se o monumento fala, se o monumento dança.
Se esta menina cega é uma estátua de frio.
Um pássaro que voa pode ser um perfume.
Uma vela no rio, um lenço no meu rosto.
Na tarde de Fevereiro estar um dia de Outubro.
Nos meus olhos de morta uma noite de Agosto.
É preciso soltar o ritmo das marés,
Das estações, do Amor, dos signos e das águas,
Os duendes das plantas, os génios dos rochedos
Nos cabelos do Vento, as tranças de arvoredos.
Desordenai-me, luz!
Que nada mais dependa
Das águas, das marés, dos signos e do Amor.
É preciso calar o arco e a corrente
E ser nesta varanda um pouco só de cor
Natércia Freire