"Na modorra das tardes vadias na fazenda, era num sítio
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lá do bosque que eu escapava aos olhos apreensivos da família;
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amainava a febre dos meus pés na terra úmida,
cobria o meu corpo de folhas e, deitado à sombra, eu dormia
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na postura quieta de uma planta enferma
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vergada ao peso de um botão vermelho;
não eram duendes aqueles troncos todos ao meu redor,
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velando meu sono adolescente?
Que urnas tão antigas eram essas liberando as vozes protetoras
que me chamavam da varanda?
De que adiantavam aqueles gritos, se mensageiros mais velozes,
mais ativos montavam melhor o vento
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corrompendo os fios da atmosfera?
Meu sono quando maduro seria colhido
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como a volúpia religiosa com que se colhe um pomo.
Eu me lembrei o que a gente sempre ouvia no sermão do pai
que os olhares são a candeia do corpo
e, se eles eram bons é porque o corpo tinha luz
e se os olhos não eram limpos é que eles revelavam
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um corpo tenebroso."
Texto do filme "Lavoura Arcaica"
Texto do filme "Lavoura Arcaica"