segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Em Primavera



Chamo-te porque tudo está ainda no princípio

E suportar é o tempo mais comprido.

Peço-te que venhas e me dês a liberdade,

Que um só de teus olhares me purifique e acabe.

Há muitas coisas que não quero ver.

Peço-te que sejas o presente.

Peço-te que inundes tudo.

E que o teu reino antes do tempo venha

E se derrame sobre a Terra

Em Primavera feroz precipitado.


Sophia de Mello Breyner Andresen

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