quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Estrelas


Assim que anoiteceu, saiu para pescar.

Peixes não, estrelas.

Afastou-se da casa, atravessou um campo até o seu limite.

Na linha do horizonte, sentado à beira do céu,

abriu a caixa das frases poéticas que havia trazido como iscas.

Escolheu a mais sonora,

prendeu-a firmemente na rebarba luzidia.

Depois, pondo-se de cabeça para baixo,

lançou a linha no imenso azul, deixando desenrolar todo o molinete.

E paciente, enquanto a Lua avançava sem mover ondas,

começou a longa espera
=
de que uma estrela viesse morder o seu anzol.



Marina Colassanti

Sem comentários: