terça-feira, 14 de abril de 2009

Felicidade


Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,

Acordarei entre os teus braços.

A tua pele será talvez demasiado bela.

E a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.

Um dia, quando a chuva secar na memória,

Quando o inverno fôr tão distante,

Quando o frio responder devagar

Como a voz arrastada de um velho,

Estarei contigo

E cantarão pássaros no parapeito da nossa janela.

Sim, cantarão pássaros, haverá flores,

Mas nada disso será culpa minha,

Porque eu acordarei nos teus braços e nao direi nem uma palavra,

Nem o princípio de uma palavra,

Para não estragar a perfeição da felicidade.



José Luís Peixoto

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