Para nadar
Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita
Não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar
Fechamos os olhos para garantir a memória da memória
É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras
Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo
O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória
Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível
Viver é boiar, recordar é nadar
Carpinejar
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