segunda-feira, 28 de junho de 2010

Apaixonados


Era uma vez o Ernesto, um menino que gostava muito de chatear as meninas
e principalmente a Salomé.
Era uma vez a Salomé, a menina que foi contar à mãe tudo o que o Ernesto lhe tinha feito.
Tudo: puxado o cabelo, agarrado o capuz, arrancado os óculos, de próposito.
Então a mãe disse-lhe que o Ernesto com certeza queria brincar com ela, mas que não sabia como pedir-lhe. A mãe disse-lhe ainda que talvez o Ernesto estivesse apaixonado pela Salomé.
No recreio, a Paula perguntou:
- Apaixonado pela Salomé! O que é isso? Apaixonado?
Mas a Salomé também não sabia o que era isso.O que o Abel sabia era que se podia cair, cair de paixão por alguém. A Salomé já tinha caído muitas vezes de bicicleta, mas de paixão, nunca!
- Os apaixonados só existem nos contos!- afirmou o Guilherme.
- Pois é!Com príncipes e princesas.
-Com roupas lindas? E com espadas? Com reis e rainhas?
- E dragões!
- Então os apaixonados não existem? - perguntou a Salomé.
-A Justina acha que estamos apaixonados quando nos sentimos tristes ou muito tímidos e sobretudo quando coramos muito.
- Quando ficamos hipnotizados! - exclamou Abel.
A Salomé concluiu que enlouquecemos um pouco quando estamos apaixonados!
A pequena Ana já tinha ouvido falar de paixão, uma espécie de raio que nos atinge.
- Um raio de fogo!
- E queima?-
É como um relâmpago! É uma trovoada!
- Mas afinal chove?
Então a Salomé pensou que era melhor ter um guarda-chuva para estar apaixonado!
Mas o Aristides disse que estar apaixonado está no coração.
- Quer dizer que sentimos uma dor no coração? Que dá febre?
E que nos tira as forças? Ficamos doentes?
Como é cansativo estar apaixonado! -suspirou a Salomé.


Rebecca Dautremer

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