sexta-feira, 4 de março de 2011

Jeito de amar


A mãe era um estrago de braba, mas quando eu lembro dela me castigando com o safanão do pente na cabeça e me fazendo dois molhos de cachinhos pra eu ir bonita pra escola, me dá um engasgo, uma saudade sem remédio, uma vontade de ser pobre igual antigamente, só pra escutar ela falar:
Já ta ficando mocinha, umas roupinhas melhores...
e o pai: moça bonita não precisa disso não...

Eh, meu Deus, quanto jeito que tem de ter amor!



Adélia Prado

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