quinta-feira, 31 de agosto de 2006
Seu olhar
Tudo nele se revela
É ele, o elo que permite a transposição de nossa epiderme longínqua
É ele o culpado
Se existe inocência, pertence a mim!
Sou a vítima ingênua dessa flecha que me acerta à bala
Minhas estruturas estremecem
Minha voz desaparece
Seu olhar me desborda
Pinta meu contorno e arrepia meus continentes
É ele função de meu lado admirador
A dor de tantos mirares
Que se lançam de volta em minha direção
Vem ao meu lado
Latejando sem nunca me esbarrar
Faz que não me vê e nada faz
Vem como um raio...
e à palmos de minha narina, nervosa e dilatada,
encontra a curva de uma nova esquina
Fugidio novamente...
sai pelas beiradas, observante de visão tangenciada
Que feixe é esse?
vem raiando e nunca se põe nas minhas cercanias!
Que encruzilhada é essa! nunca termina?
Que olhar é esse? indica e confunde as direções!
Quero saber quem lhe ensinou tantos desvios?
Quero aprender a percorrer seu mapa!
Quero desfixar meu olhar! Quero vê-lo farolar as direções que ousam me focalizar
Quero a luminosidade de sua visão me observando, me espreitando e registrando cada
espiada na linha que nos horizontaliza
Num piscar de olhos
quero piscar nossos olhos e poder sentir a suavidade de nossa esgrima de cílios
Quero habitar um novo mundo onde possa enxergar além de seus dois globos de
hemisférios distantes
quero englobar a fina camada de seu silêncio sutil
e assim formar nova retina
que me descobrirá projetada em seu interior.
Autor Desconhecido
A beleza está em ti
Pode-se ter
o melhor estilista
o melhor tecido
a melhor idéia
o corte ideal
que de nada adianta
se a modelo vivo
não for monumental
quem dá beleza ao vestido
é o corpo
quem dá brilho ao vestido
é a alma
e é por isto
que não só aquele
estava lindo
todo vestido
se vestirá em ti
sorrindo.
Rodolfo Muanis
Desde que me lembro que a conheço!
está permanentemente a dificultar-me a vida já nem sei como a tratar.
A todo o momento em que nos cruzamos hesito
A todo o momento em que nos cruzamos hesito
sobre se devo recorrer a ela ou simplesmente ignorá-la desta vez
apesar de a ter presente vou ter o prazer de fazer de conta que nem existe
pelo menos aqui quem manda sou eu!!!
Vim escrever apenas com a intenção de a magoar ter o prazer
de nem olhar para ela de não me preocupar se devo ou não colocá-la aqui ali além acolá atrás á frente
depois do mas em vez do e enfim desde que
as nossas vidas se cruzaram que a nossa relação não é das melhores por isso
vou usar e abusar da ausência dela estes familiares dela
podem andar por aqui sempre tem quem lhes vá contar
o que anda por aqui a fazer sim que com as famílias não se
brinca não existem segredos que magoem que fiquem por contar quem não
tem família que atire a primeira pedra.
Com os outros ainda me vou dando mais ou menos gosto muito
do tio Reticências ajuda quando não sei se devo usar a sobrinha pelo menos
é esse o uso que faço dele os outros a nossa relação nem é assim
tão má (penso eu) e com tudo isto sinto-me realmente confortado
por este momento de insanidade facultado pela minha amiga
a Virgula!
Autor Desconhecido
Autor Desconhecido
quarta-feira, 30 de agosto de 2006
Uma mulher
Uma mulher caminha nua pelo quarto
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la nua
no quarto pouco se sabe dela
a cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca
uma mulher é feita de mistérios tudo se esconde:
os sonhos, as axilas, a vagina
os sonhos, as axilas, a vagina
ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora.
O homem que descobre uma mulher
será sempre o primeiro a ver a aurora.
Bruna Lombardi
Quero um Poema de amor
Quero um poema de amor.
Fátima Dannemann
Cismei que eu quero.
Se eu não sei escrevê-los,
que receba
e tente respondê-los
com as mesmas palavras
ternas que lá estiverem escritas.
Quero um poema de amor.
Ah, eu sei que o tema é batido.
Pode ser repetido,
mas sempre tem algo novo
que nunca foi dito.
Quero um poema de amor
Desses bem doces,
que falam dos sentimentos mais puros,
mesmo que o doce do amor,
derreta e acabe como
uma barra de chocolate ao sol.
Quero um poema de amor.
E quero logo,
antes que eu desista.
Fátima Dannemann
De quem é esta saudade
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?
De quem é esta saudade,
de quem?
Aquelas mãos só carícias,
Aqueles olhos de apelo,
aqueles lábios-desejo...
E estes dedos engelhados,
e este olhar de vã procura,
e esta boca sem um beijo...
De quem é esta saudade
que sinto quando me vejo?
Gilka Machado
Se recordo quem fui, outrem me vejo,
E o passado é o presente na lembrança.
Quem fui é alguém que amo
Porém somente em sonho.
E a saudade que me aflige a mente
Não é de mim nem do passado visto,
Senão de quem habito
Por trás dos olhos cegos.
Nada, senão o instante, me conhece.
Minha mesma lembrança é nada, e sinto
Que quem sou e quem fui
São sonhos diferentes.
Ricardo Reís
Um pássaro, que apesar da sua vontade nunca chegou alto em seus vôos.
Mas que um dia resolveu ousar, e foi muito, muito alto.
O melhor vôo de sua vida.
Até que começou a chover, as gotas d'água
encharcando as penas de suas asas,
que ao pousar quebraram-se.
Mesmo depois de curadas o pássaro não tinha mais coragem de ir além.
O medo era maior que sua vontade,
e ele mais uma vez se limitou a vôos baixos.
Foi em um desses vôos que uma rachada de vento
o colocou novamente as alturas.
E ele percebeu que poderia sim, ir mais e mais alto,
ir a altura do prazer em voar.
A vida é assim,
muitas vezes somos o pássaro, precisamos do vento pra chegarmos além.
E outras vezes somos o vento,
prontos a colocar o pássaro à altura do prazer.
Lembrando que,
para o vento ajudar o pássaro ele precisa pelo menos tentar o vôo baixo.
E o vento ser sábio o bastante para perceber qual a
intensidade da rachada para cada pássaro.
Se ao acaso eu chegar com o vento,
trazendo arrepios e calafrios,
sirva-me algo para beber,
não em cristal nem em vidro,
mas entre beijos, lábios, línguas e corpos.
E quando com o vento eu me for
levo gravado o sabor,
a saliva e o ardor dos lábios
que aqueceram o vento e
incendiaram minh'alma
e a noite...
trazendo arrepios e calafrios,
sirva-me algo para beber,
não em cristal nem em vidro,
mas entre beijos, lábios, línguas e corpos.
E quando com o vento eu me for
levo gravado o sabor,
a saliva e o ardor dos lábios
que aqueceram o vento e
incendiaram minh'alma
e a noite...
Chá de Rosas
terça-feira, 29 de agosto de 2006
Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena.
Como teus olhos são claros
e a tua pele morena.
Como é azul o oceano
e a lagoa, serena.
Como um tempo de alegria
por trás do terror me acena
e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena.
Sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena.
Ferreira Gullar
segunda-feira, 28 de agosto de 2006
Queria ser um anjo
Ser o anjo que vela, o anjo que guarda, o anjo que proteje
Quebrar todas as barreiras elementares e
ser apenas um anjo.
Mas não é permitido, a um anjo
Amar uma única pessoa
Seu amor não pode ser exclusivo
Seu amor deve ser extensivo
Não é permitido a um anjo
Chorar por uma única pessoa
Seu pranto não é exclusivo
Suas lágrimas devem regar
As flores que brotam em cada alma humana.
Que anjo posso ser?
Que amor poderei dar?
Que olhos me irão ver?
A quem irei amar?
Queria realmente ser um anjo
Ter a bondade na face, a sabedoria no olhar
Saber sorrir, saber confortar
Saber entender os aflitos, saber ensinar
Ir ao encontro de todos
E a todos, amar.
Queria realmente ser um anjo
Um anjo qualquer, um anjo comum
Atender as preces dos necessitados
Atender a procura de afeto de uma criança
Um anjo que aprende com a dor,
um anjo que aprende com o amor.
Queria realmente ser um anjo
Sorrir ao ver a ventura do vencedor
Se emocionar com o desespero do perdedor
Beijar a face daquele que suplica
E aplacar a raiva do inimigo cruel.
Por fim, queria realmente ser um anjo
E poder quebrar todas as regras celestiais
Sentir o amor único e exclusivo
E chorar por todos os demais
Queria somente ser, um anjo
Amar, e nada mais.
Autor Desconhecido
domingo, 27 de agosto de 2006
Gosto de como você olha,
com um cismar atento,
como quem me esquadrinha.
Por dentro!!
Gosto de como você olha,
parece me ver a alma.
Com essa expressão no rosto,
Serena,
Calma!!
Gosto mesmo é de ver,
este teu olhar misterioso.
Que atravessa-me o espírito,
atento não apenas ao que vê,
mas também ao que sente...
Gosto de quando me olhas desta forma,
sondando, medindo, perscrutando.
Que me deixas de tal maneira impotente,
por não saber o que se passa em tua mente...
Gosto deste olhar de menino abandonado.
Que não pode fazer nada,
mas sente alivido por voltar a razão.
Sinto falta do do teu gosto,
do teu cheiro,
do seu toque,
que me tortura,
que me invade e
me faz bem ao coração!
Chá de Rosas
Queria tanto...
Que as palavras tivessem cor, cheiro, e paladar
E que ao escrevê-las elas te pudessem tocar.
Queria tanto...
Que cada beijo que te envio
Pudesse tocar esses seus lábios.
Queria tanto...
Que cada abraço que te escrevo com ternura
Pudesse colar nossos corpos com toda doçura
Pudesse despir-me de tudo que me afasta
E tudo que me pôe longe de ti
E que pudesses sentir-me nua
Sentir-me como sou:
Apenas tua!
Queria tanto...
Que as palavras tivessem cor, cheiro, e paladar
E que ao escrevê-las elas te pudessem tocar.
Queria tanto...
Que cada beijo que te envio
Pudesse tocar esses seus lábios.
Queria tanto...
Que cada abraço que te escrevo com ternura
Pudesse colar nossos corpos com toda doçura
Pudesse despir-me de tudo que me afasta
E tudo que me pôe longe de ti
E que pudesses sentir-me nua
Sentir-me como sou:
Apenas tua!
Queria tanto...
"Era uma vez um menino que vivia numa terra seca e árida
Onde o sol era chama
Onde o ar era pó
Onde o pó era corpo que os corpos cobria
Nascera de um ventre negro que logo secara
Bebera os restos do corpo que o parira
Crescera na terra seca e árida onde só nasciam
Meninos de olhos negros e corpos de pó
Meninos de corpos de fome
Meninos de bocas vazias.
O tempo não era tempo onde o menino vivia
Não havia tempo futuro
Não houvera tempo passado
E se presente era o momento
O menino quase ausente já não o sentia.…
Era uma vez um menino
Olhos negro e pó
Que já não vivia. "...
Onde o sol era chama
Onde o ar era pó
Onde o pó era corpo que os corpos cobria
Nascera de um ventre negro que logo secara
Bebera os restos do corpo que o parira
Crescera na terra seca e árida onde só nasciam
Meninos de olhos negros e corpos de pó
Meninos de corpos de fome
Meninos de bocas vazias.
O tempo não era tempo onde o menino vivia
Não havia tempo futuro
Não houvera tempo passado
E se presente era o momento
O menino quase ausente já não o sentia.…
Era uma vez um menino
Olhos negro e pó
Que já não vivia. "...
Autor Desconhecido
Lá bem longe, em uma terra distante existe um pássaro "cantador" de histórias.
Para atraí-lo basta fechar os olhos, pensar em tudo que é belo que já se viu,
e em tudo que é belo que ainda há pra se ver.
Não demora muito e lá está ele com seu bico encantador
fazendo a alegria de um ouvido sonhador.
Hoje vou contar a história da Nali.
Nali é uma centopéia sabia, uma centopéia bem sapeca.
Toda curiosa ela sai por aí perguntando de tudo pra todos,
e aprovita pra exercitar as perninhas, e quantas são as perninhas.
Em minhas idas e vindas encontrei Nali, e ela me perguntou como era voar.
Não perdi tempo, coloquei Nali nas costa e lá fomos nós em um vôo delicioso.
Mas Nali sentiu enjôo..."Não gosto de voar, quero descer"
Nali queria dançar, então perguntou a árvore como poderia tentar.
A árvore balançou e deixou o vento soprar
e agitou suas folhas e galhos até se cansar.
Seguindo o exemplo Nali dançou e sapateou
como se fosse uma rainha bailarina.Disso ela parece ter gostado.
Nali queria pular, então perguntou ao sapo como podia tentar.
O sapo encolheu as patas traseiras
E esticou-se num piscar, e sem parar começou a pular.
E lá estava ele mais parecendo uma molinha, pulando e pulando.
Nali bem que tentou, mas com todas aquelas patas
ela se atrapalhou.E um grande tombo tomou.
E até hoje lá do alto, ainda vejo Nali, que continua perguntando e aprendendo,
e exercitando suas perninhas, e quantas são as perminhas.
sábado, 26 de agosto de 2006
O Vôo
Esgota, como um pássaro,
As canções que tens na garganta.
Canta.Canta para conservar a ilusão
De festa e de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
Que esperam devorar o pássaro.
Desde que nasceste
Não és mais que um vôo no tempo.
Rumo ao céu? Que importa a rota?
Voa e canta
Enquanto resistirem tuas asas.
Menotti del Pichia
As canções que tens na garganta.
Canta.Canta para conservar a ilusão
De festa e de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
Que esperam devorar o pássaro.
Desde que nasceste
Não és mais que um vôo no tempo.
Rumo ao céu? Que importa a rota?
Voa e canta
Enquanto resistirem tuas asas.
Menotti del Pichia
Há uma escuridão por trás dos olhos
uma ausência de palavras
como se de usadas, tivessem se gastado definitivamente.
Há uma incapacidade de tudo, em tudo,
uma impossibilidade.
No entanto, o dia é azul e claro e cantam os pássaros no ipê.
Talvez, apenas tenha eu mudado, talvez,
apenas tenha eu morrido quase sem me aperceber.
Márcia Maia
é o que acontece quando alguém "cai na real",
percebendo o que talvez tenha sido óbvio durante muito tempo.
Esse "cair na real" quase sempre deixa um gosto estranho na boca,
porque a alma percebe ter deixado de usar o seu sentido mais
aguçado, a sensibilidade de perceber as coisas.
Contudo, falta de consciência não é burrice,
é apenas um estado de ânimo que,
uma vez superado é impossível abandonar.
Consciência não é mero receptáculo de percepções,
é também uma forma de intervir na realidade.
Quantas vezes já sentimos o olhar de alguém na nuca
e ao nos virarmos comprovamos que era verdade.
Ainda não soube de alguém que
conseguisse explicar como isso acontece,
porém, a falta de explicação não torna o fato menos real.
O ciúme vem sem que se perceba e, quando chega
pretende controlar o incontrolável, a troca de simpatia e
carinho espontâneo
que acontece entre os seres humanos.
Tomar o ciúme como sinal de amor é confundir virtude com perversão.
O ciúme é um sentimento bem próximo a doença, não há nada nele
que traga resultados benéficos.
O amor e a beleza são livres, enquanto o ciúme
é pura vaidade ferida.
O ciúme é um barco à derica, ou melhor, nos faz ser barcos à deriva.
sexta-feira, 25 de agosto de 2006
As cartas de amor deveriam ser fechadas somente depois de
abraçadas, depois de serem levadas bem próximas ao peito,
para que além das palavras escritas
fossem também junto à elas a fala de um coração apaixonado.
Beijadas antes de enviadas. Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão capturado pelo envelope.
O carinho de uma carta acalma um coração machucado.
Beijadas antes de enviadas. Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão capturado pelo envelope.
O carinho de uma carta acalma um coração machucado.
Machucado pela saudade.
(...)
Tinha suspirado
Tinha suspirado
Tinha beijado o papel devotamente
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho dilatado em seu calor
amoroso que saía delas
amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo do estímulo por si mesma
E parecia-lhe que entrava enfim uma
existência superiormente interessante
existência superiormente interessante
Onde cada hora tinha o seu intuito diferente
Cada passo conduzia um êxtase
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações.
Eça de QueirozPrimo Basílio - 1878
Por muitas vezes
as pessoas representam o papel que a sociedade espera delas:
casam, trabalham, têm filhos, fundam um lar, votam,
tentam mostrar-se perfeitas e respeitar as leis.
Mas cada uma delas, quando a porta se fecha,
homens, mulheres,
possui uma vida secreta da qual raramente falam
e que quase nunca chegam a revelar.
E esta vida secreta, para cada um de nós, encontra-se povoada
de fantasias ardentes, necessidades incríveis
e desejos sufocantes que não são vergonhosos em si,
mas que nos ensinaram a considerar como tal.
Sanders
Começo agora a sentir.
A sentir-te, num toque de lábios.
Sinto-te perto de mim, com teus pequenos passos,
escorregadios, a acariciar-me a face, corpo.
Os teus toques, apesar de gélidos, esquentam-me o corpo inteiro,
fazendo-me queimar, de ternura.
E num simples tocar,
derreto-me,
perco-me,
distraio-me.
E tu continuas a tocar-me, escorrendo-me pelo corpo,
fazendo-me cócegas, excitantes.
Até que tu vais, sem nem deixar-me saber quem tu és.
Mas, agora, percebendo e sentindo, o mais íntimo dos teus toques,
começo a saber. É como se fosse,
e é... o Orvalho!
Rodrigo Carvalho
Tatuagem
Em cada gesto perdido tu és igual a mim
em cada ferida que sara escondida do mundo eu sou igual a ti
Fazes pintura de guerra que eu não sei apagar
pintas o sol da cor da terra e a lua da cor do mar
Em cada grito da alma eu sou igual a ti
de cada vez que um olhar te alucina e te prende
tu és igual a mim
Fazes pinturas de sonhos pintas o sol na minha mão
e és mistura de vento e lama entre os luares perdidos no chão
Em cada noite sem rumo tu és igual a mim
de cada vez que procuro
preciso um abrigo eu sou igual a ti
Faço pinturas de guerra que eu não sei apagar e pinto
a lua da cor da terra e o sol da cor do mar
Em cada grito afundado eu sou igual a ti
de cada vez que a tremura
desata o desejo tu és igual a mim
Faço pinturas de sonhos e pinto a lua na tua mão
misturo o vento e a lama piso os luares perdidos no chão.
Mafalda Veiga
quinta-feira, 24 de agosto de 2006
Na beatitude do abraço, como dizer se é a pele
que mais se gratifica no contato com outra pele, ou
se a alegria vem da satisfação do bem-querer?
E se é verdade que ao receber uma carta de amor estremecemos
como se em presença do amado,
é verdade também que poucas emoções se comparam àquele toque
em que a mão se entrega pela primeira vez a outra mão que ainda desconhece.
Autor Desconhecido
Quero dizer-te uma coisa simples:
a tua ausência dói-me.
Refiro-me a essa dor, que se limita à alma;
mas que não deixa, de deixar alguns sinais:
um peso nos olhos, no lugar da tua imagem,
e um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes
tivessem roubado o tato.
São estas as formas do amor, podia dizer-te;
e acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas,
quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade.
Porém, é o sonho que me traz a tua memória;
e a realidade aproxima-me de ti,
agora que os dias correm mais depressa,
e as palavras ficam presas numa refração de instantes,
quando a tua voz me chama de dentro de mim
e me faz responder-te uma coisa simples,
como dizer
que a tua ausência me dói.
Nuno Júdice
quarta-feira, 23 de agosto de 2006
Nó
Estou perdidamente emaranhada em seus fios de delícias e doçuras.
Já não encontro o começo da meada,
não sei nem mesmo se há uma ponta de saída, ou
se a loucura vai num ritmo crescente até subjugar a minha vida.
Não importa.
Quero seus nós de seda cada vez mais cegos e apertados
a me costurar nas malhas e nos pêlos.
Enquanto você me amarra, permanece atado
na própria trama redonda do novelo.
Flora Figueiredo
Muitas coisas parecem perfeitas, mas são vazias,
só tem forma e nenhum conteúdo.
Um beijo é sempre um beijo, mas alguns são mais ardentes,
porque têm algo mais que bocas, enquanto outros
são mera representação da realidade.
E muitas vezes, ter uma pessoa dentro de si,
significa muito mais que ter uma pessoa ao seu lado.
Subscrever:
Mensagens (Atom)