terça-feira, 20 de novembro de 2007


- Adeus - disse para a flor.

Mas ela não lhe respondeu.

- Adeus - repetiu o principezinho.

A flor tossiu. Mas não era por causa da constipação.

- Fui muito parva - acabou finalmente por dizer.

- Desculpa. Vê se consegues ser feliz.

Ficou espantado por ela não se pôr com recriminações.

E para ali se deixou ficar, totalmente desconcertado,
=
de redoma no ar.

Não conseguia compreender aquela mansidão, aquela calma.

- Porque é que estás tão admirado?
=
É evidente que eu te amo - disse a flor.

- Nunca o soubeste, por culpa minha.
=
Mas isso, agora, já não tem qualquer importância.

Olha que tu também foste tão parvo como eu.

Agora vê lá se consegues ser feliz...

E deixa essa redoma em paz. Já não a quero.


- E o vento?

- Não estou tão constipada ...
=
O fresco da noite há-de fazer-me bem. Sou uma flor!


- E os bichos?

- Duas ou três lagartas terei eu de suportar
=
se quiser saber como são as borboletas.

Parece que são tão bonitas! E, se não forem elas,
=
quem é que se lembra de me vir cá visitar?
=
Tu, tu hás-de estar bem longe.
=
E os bichos maiores, não tenho nada a recear.

Afinal, para que quero eu as minhas garras?


E mais uma vez exibia ingenuamente os seus quatro espinhos.
=
Depois, ainda disse:


- Não fiques para aqui a empatar, que me irritas!

Não te resolveste ir embora? Pois então vai !


Porque ela não queria que ele a visse chorar.

Era uma flor tão orgulhosa...


Antoine de Saint-Exupéry