sexta-feira, 27 de julho de 2007

Chico César


E aí você surgiu na minha frente,
=
E eu vi o espaço e o tempo em suspensão.
=
Senti no ar a força diferente
=
De um momento eterno desde então.
=
E aqui dentro de mim você demora;
=
Já tornou-se parte mesmo do meu ser.
=
E agora, em qualquer parte, a qualquer hora,
=
Quando eu fecho os olhos, vejo só você.
=
E cada um de nós é um a sós,
=
E uma só pessoa somos nós,
=
Unos num canto, numa voz.
=
O amor une os amantes em um ímã,
=
E num enigma claro se traduz;
=
Extremos se atraem, se aproximam
=
E se completam como sombra e luz.
=
E assim viemos, nos assimilando,
=
Nos assemelhando, a nos absorver.
=
E agora, não tem onde, não tem quando:
=
Quando eu fecho os olhos, vejo só você.
=

Quando Fecho os Olhos

Gilberto Gil


Realce

"Não desespere

Quando a vida fere, fere


E nenhum mágico interferirá

Se a vida fere

Como a sensação do brilho


De repente a gente brilhará"

=
Não chore mais

=
"Bem que eu me lembro

Da gente sentado ali (...)

Junto à fogueirinha de papel

Quentar o frio

Requentar o pão

E comer com você

(...)."

Raulzito


"Não vou cantar como a cigarra canta mas desse meu canto eu não abro mão."
=
"A desobediência é uma virtude necessária à criatividade."
=
"Ninguém morre, as pessoas despertam do sonho da vida."
=
"Já me borrei de tanto rir ouvindo
O infinito sendo explicado
Se sendo é um verbo
Prefiro ficar sendo calado."
=
"Rock'n Roll não se aprende nem se ensina."
=
"A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal."
=
"A formiga só trabalha porque não consegue cantar."
=
"Nao sei onde estou indo, mas sei que estou no meu caminho"
=
"Que o mel é doce, é coisa que eu me nego afirmar.
Mas que parece doce, isso eu afirmo plenamente."

Rita Lee

=

" Penso na morte de modo diferente. Acho que ela deve ser um grande orgasmo".
=
"Nem toda brasileira é só bunda".
=
"Tem pessoas que a gente não esquece nem se esquecer."
=
"Enquanto o tempo vai passando, eu fico loucamente séria."
=
"No ano 2020 eu vou ter o quê? 72, 73 anos. Vai ser tudo igual, tudo, tudo igual"
=
"Sou uma dinossaura, com aura de iguana. Divina, batráquia, pós terráquea, mundana".
=

quinta-feira, 26 de julho de 2007


A verdadeira mão que o poeta estende

Não tem dedos:

É um gesto que se perde

No próprio acto de dar-se

O poeta desaparece

Na verdade da sua ausência

Dissolve-se no biombo da escrita

O poema é

A única
=
A verdadeira mão que o poeta estende

E quando o poema é bom

Não te aperta a mão:

Aperta-te a garganta


Assírio Alvim

E há sempre uma canção para contar
=
Aquela velha história de um desejo
=
Que todas as canções têm pra contar


Tom Jobim

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Caminho Digital


Um campo coberto por dedaleiras:

uma voz. poderia ser mais adocicada, mais compreensível

mas é apenas mais um dialeto individual do grande manancial.

Psicografias. O que me é destinado expressar.

Porque cada dígito foi alicerçado sobre um objetivo único.

Meu propósito que alcancei e continuo alcançando na íntegra.

Você está aqui agora.


Sou um calígrafo vivo.

Digitalinas, as palavras, as palavras, as palavras.

E te escrevo.

Andréia de Carvalho Capeline

A Letra A



- Você escreve sobre amor, não é?

- Poxa. Tá tão óbvio assim?

= Só porque sou menina e gosto de rosinha?

= Só porque sou tão carente e possessiva que não consegui ficar

=longe do meu computador 4 horas?

=Só porque meu i-pod só tem musiquinha mela cueca?

Por que? Heim? Por que?

E ele me mostrou com simplicidade da onde tinha tirado aquela
=
idéia, apontando para a tecla “A” do meu computador:

-Tá apagada, de tanto você escrever sobre o amor o “A” apagou”.


Tati Bernardi

Ai, coração que bate, descompassado, desarrumado.

Bate e deixa de bater...

=Bate...

=Deixa de bater...

= Constantemente inconstante.
=
Dói.

=De saudade de você.

(...) Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser (...)

Álvaro de Campos

terça-feira, 24 de julho de 2007

Quieta fico no colo do nosso tempo.
Aqui sozinha eu te sinto e deixo-me embalar contigo em mim,
Numa dança ausente onde só os olhos fechados conhecem os passos.
Sonho o teu olhar perdido - encontrado,
No espelho dos meus.
Sonho a tua língua no toque da minha.
Pressinto o teu cheiro que me perfuma.
Um sussurro doce que desliza entre os meus lábios
E que de desejo ficam secos.
Olhos nos olhos, peito no peito, recordo a música,
O doce som do silêncio que o nosso amor faz acontecer.
Teu sorriso.
O sorriso que escuto vindo de ti,
É a resposta que me seduz sabendo que também tu ao sorrir
Ouves a música que nos embala nesta dança ausente de nós
Você,
Minha melhor viagem...

Fico até Adormeceres


Se quiseres,

Até nem falo,

Ouço só o que disseres,

Vem deitar-te no meu colo,

E diz tudo o que quiseres,

Fico até adormeceres.



Se quiseres,

Mando calar,

O vento que vem do mar,

Rasgando a noite crua,

Ou então,

Se preferires,

Só para te distraíres,

Eu faço dançar a lua.

Fico até adormeceres,

Fico enquanto tu quiseres.



Fecha os olhos se quiseres,

Só até adormeceres.

Se quiseres

Eu fico apenas,

Até ver se tu serenas,

A proteger-te do frio.

Fecha os olhos se quiseres,

Que hoje tudo o que disseres,

Nunca sairá daqui.



Paulo Gonzo

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Ainda que. Ainda assim.


Ainda que eu pudesse decifrar os silêncios que, lentamente,
vão lapidando a memória,

não poderia esquecer-me daqueles sonhos que um dia me mostraram amplitude.

Ainda que desabrochasse em pétala suave, regada pelo orvalho de uma noite tênue,

não poderia apagar aqueles transbordamentos em novidades.

Ainda que a mesmice dos dias me revelasse a suavidade do tempo e a beleza dos pássaros,

não apagaria as pegadas de arrependimentos e aprendizados que me fizeram chegar até aqui.

Ainda que um tempo de calmaria pousasse sobre a pele, ou o destino me revelasse uma
paixão estarrecedora, que me permitisse tocar o etéreo e o fugaz

Ainda assim escutaria, perfeitamente, o lento bater de um coração cicatrizado,
que se aconchega e reinventa os dias por detrás do leve peso dos seios.
=
Texto de Autor Desconhecido

domingo, 22 de julho de 2007


- É verdade que os amores eternos nunca morrem?

- É. Ou não seriam eternos.

- Mesmo que a pessoa esteja longe de você?

- Mesmo que a pessoa esteja longe de você. Mas
=
- ela estará mais perto do que você pensa.

- E como sabemos que aquele amor é eterno?

- Não sabemos. Até um dia.

- O dia em que ele vai embora?

- É. O dia em que ele vai embora mas nunca parte.


Fábio Fabretti

Alma Sertaneja e Cigana

Elpídio dos Santos, compositor, escultor e poeta brasileiro nasceu na cidade encravada na Serra do Mar, entre Taubaté e Ubatuba -SP, no dia 14 de Janeiro de 1909.

Filho de Mestre Alves, maestro da banda e dona Benedita Alta de Toledo.Toda a família era de artistas que se dedicavam à música, pintura e trabalhos com madeira.
Elpídio herdou o talento. O gosto pela música veio com a participação na banda regida por seu pai, mas Elpídio gostava mesmo de violão, instrumento que estava sempre em seu colo, feito um bebê.Curioso aprendeu a tocar sozinho, foi se aperfeiçoando, ficando cada vez melhor.

Casou-se com Cinira Pereira dos Santos aos 41 aos e tiveram 7 filhos.
Mudou-se para São Paulo, onde cursou música no conservatório Paulista de Canto Orfeônico, obtendo com brilhantismo seu diploma de Professor. Fez também o curso de aperfeiçoamento musical no Instituto Musical de São Paulo. Ainda em São Paulo, lecionou no ginásio 7 de Setembro, no Sesc e deu aulas particulares. Formou muitos músicos.

Compositor predileto de Mazzaropi. Entre mais de mil composições deixou dezenas de clássicos e sucessos consagrados na tela do cinema.
Suas composições são conhecidas nas vozes de Fafá de Belém, Almir Sater, Pena Branca e Xavantinho, Zé Renato, Ségio Reis...
Suas composições são singelas histórias, escritas de um jeito doce que as tornam gostosas de ouvir.

A música Mucuripe, composição de Raimundo Fagner e Antônio Carlos Belchior, cantada por famosas vozes da música popular brasileira, dentre elas Ivan Lins, é uma homenagem à Elpidío dos Santos.

Elpídio, morre de repente no dia 3 de Setembro de 1970 em São Luís do Paraitinga.
Como legado, deixou uma obra de mais de mil músicas, várias peças de escultura, poemas, desenhos.


Manuel de Falla, compositor espanhol, nasceu em Cádiz, no dia 23 de Novembro de 1876.
Filho de comerciante e de pianista.Recebeu suas primeiras aulas de sua mãe, Carmen Matheu y Parodi que cantava com sua doce voz, impressões que o acompanharam por toda a vida.Seu avô Manuel de Falla, tocava muito bem piano e influencia o neto em quem percebe sensibilidade e talento.
De Falla é o mais velho de cinco irmãos, dos quais apenas três chegaram à idade adulta.Com cinco anos inicia seus estudos de piano e aos seis une esses estudos com os de solfejo e canto.Começa a compor aos 12 anos.

Estudou piano em Madrid com José Trago e composição com Felipe Pedrell.
Em 1899, por votação unânime, foi-lhe conferido o primeiro prêmio na competição de piano do seu conservatório e, por volta dessa mesma época, começou a usar o "de" com seu primeiro sobrenome, fazendo "de Falla" ser o nome com o qual se tornaria famoso.

Grande pianista, começou sua carreira escrevendo zarzuelas (óperas cômicas espanholas). Foi por influência de Pedrell que de Falla tornou-se interessado na música espanhola, particularmente no flamenco andaluz (em especial o cante jonde), que se mostraria marcante em muitas de suas composições.
Foi um dos principais nomes do movimento nacionalista que, no começo do século XX, promoveu o renascimento das tradições e dos temas populares da música de seu país.

Em Paris, conviveu com alguns dos mais conhecidos compositores da época, como Debussy, Ravel, Albéniz e Stravinski, cujas tendências inovadoras influenciaram sua música. Tem também Wagner como influência, mas deixa bem claro sua marca com o colorido espânico.O ritmo e o colorida da música cigana.
Foi então que estabeleceu a síntese entre o intenso modernismo que eles lhe ensinaram e as prolongadas e plangentes melodias da música popular andaluza, com suas duras e secas harmonias de guitarra. Em Paris compôs, entre outras obras, as Siete Canciones Populares Españolas, em que se manifestou pela primeira vez todo seu gênio.

Em 1928 começou a trabalhar na partitura de La Atlántida sobre um poema de Jacint Verdaguer, e isso o ocupou pelo resto de seus dias.
Morre na Argentina, na cidade de Alta Gracia, no dia 14 de Novembro de 1946.

Folclore, história não escrita de um povo, passada de geração em geração.
Elpidio dos Santos Santos e Manuel de Falla, têm em comum exatamente isso, o Folclore.
Baseado no programa Sinfonia Fina

sábado, 21 de julho de 2007

Amor perdido ainda é amor.Assume uma forma diferente, só isso.
=
Não se pode tocar as mãos, não se pode mexer os cabelos,
=
mas quando essas sensações desaparecem da vida,
=
outras aparecem.
=
A memória se torna sua parceira.Você abraça, você dança com ela.
=
A vida foi feita para terminar.
=
O amor não.
=
As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu

quarta-feira, 18 de julho de 2007


Triste lembrar que não tem muito tempo estávamos sentindo exatamente isso.
Triste imaginar que não demora muito e esse mesmo sentimento poderá voltar.
=
Estamos nas mãos de pessoas que colocam ganância e a ambição desmedida à frente de valores tão importantes, o respeito á Vida.

Ao comprar uma passagem, não importa qual seja o meio de transporte,
Ao pararmos em um sinal vermelho,
Ao sairmos de casa,
Estamos assinando um documento dizendo que estamos prontos à serem assassinados.
Isso porque pagamos e não recebemos pelo que compramos: Segurança.

Fatalidade ou irresponsabilidade?

Fatalidade - Marca do que é fatal, força que predispõe irrevogavelmente ao acontecimento, destino.

Acúmulo de água na pista não mata, o que mata é a liberação de uma pista sem a menor condições de uso em dias de chuva.
O que mata é a liberação de aeronaves sem manutenção devida, adequada.
O que mata é o abandono das estradas esburacadas, sem sinalização, sem acostamento.
O que mata é ver autoridades, não tomando pra si a responsabilidade, e com gestos obscenos mostrar-se aliviados por terem se livrado de mais uma.
O que mata é ver a "autoridade maior" de um país dizer que, todos têm medo de avião, e que até ele coloca sua vida nas mãos de Deus ao entrar em um.
O que mata é não saber qual será a próxima "fatalidade".
O que mata é saber que diante de um novo desastre nos anestesiaremos dos que passaram.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Se procurar bem você acaba encontrando.
=
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.
=
Carlos Drummond de Andrade

Formas


(...) Andei por todas as vielas
sem guia
A cada vez que me perdia
me achava
Fosse a vida quadrada
Eu percorria os quatro cantos
Mas não !
É redonda como um O
E o fim se confunde com o começo...
=
Leila Silva

segunda-feira, 16 de julho de 2007

O amor é coisa que se aprende

E esse vazio que as vezes se sente

É a eterna vontade de aprender

É a eterna vontade de ensinar

A Paixão

Feito um vendaval,
Paixão é a alucinação amorosa.
E os apaixonados são duas espécies:
os generosos, que se dão inteiramente,
se jogando nas mãos do outro,
e os possessivos, que querem que o outro se incorpore
a eles convertidosem sombra viva.
Paixão, por isto, é arma de dois gumes.
E corta. E Sangra.
Se não sangrou, se não teve insônia, se não desesperou,
paixão não era.
Talvez fosse desejo, que o desejo é diferente.
No desejo a gente quer o outro para possuir apenas, passageiramente.
Na paixão, não.Na paixão,
a gente quer se fundir com o outro, para sempre.
E se o outro disser assim:
“Vai ali buscar aquela estrela para mim”, a gente vai.
Se disser:
“Não estou gostando do seu nariz”, a gente opera.
A paixão é boa? A paixão é ruim?
Ninguém sabe. Ela acontece.
Como certas tempestades ela acontece.
Assim como depois dos vendavais os elementos da natureza
já não são os mesmos,
ninguém é o que era depois do desvario da paixão.
Vidas renascem com paixões.
Outras viram cinza por causa dela.
E há pessoas que são como aquela ave mítica, a Fênix,
vivem renascendo das cinzas da paixão.
Karl Max, errou completamente.
Não é a luta de classes que move a história, é a paixão.
Paixão é a revolução a dois.
E toda a comunidade fica abalada.
Foi assim com Romeu e Julieta.
Foi assim com Tristão e Isolda.
Não é de hoje que reinos se fazem e se refazem por causa da paixão.
Existe diferença entre amor e paixão?
Existe.
No amor, claro que há luminosa coabitação.
Mas o amor é também paciente construção.
Já a paixão é arrebatamento puro e a voragem
é tão grande que pode tudo se esgotar de repente.
Quantas vezes se apaixona numa vida?
Há gente que vive se inventando paixões para viver.
E há gente que organiza toda sua vida em torno de uma única
e consumidora paixão.
Paixão é transgressão.
Quanto mais obstáculos inventarem,
mais o apaixonado os saltará.
E o apaixonado não tem medo do ridículo .
O que lhe importa o mundo
se o seu mundo é apenas o mundo da pessoa amada?
A paixão tem cor. É roxa.E é vermelha.
Pressupõe morte e ressurreição.
Da paixão vivemos muito.
Da paixão morreremos sempre.

Affonso Romano de Sant’Anna

Limites do Amor

Condenado estou a te amar


nos meus limites

até que exausta e mais querendo

um amor total, livre das cercas,

te despeça de mim, sofrida,

na direção de outro amor

que pensas ser total e total será

nos seus limites da vida.

O amor não se mede

pela liberdade de se expor nas praças

e bares, em empecilho.

É claro que isto é bom e, às vezes,

sublime.

Mas se ama também de outra forma, incerta,

e este o mistério:

ilimitado o amor às vezes se limita,

proibido é que o amor às vezes se liberta.

Ele quis morrer para arrasar a morte

e voltar.


Affonso Romano de Sant’Anna

domingo, 15 de julho de 2007

Do Bexiga a Brodway

Nascido em São João da Boa Vista, no interior paulista, Geraldo Filme (1928 - 1995) veio pequeno para a Capital. O pai tocava violino, mas foi com a avó que conheceu os cantos de escravos que influenciaram sua formação musical.


Sua mãe tinha uma pensão nos Campos Elíseos e fazia marmitas que o menino Geraldo entregava em toda a região. Na Barra Funda, bairro vizinho, passava um bom tempo nas rodas de samba e tiririca (capoeira) que os carregadores improvisavam, no Largo da Banana.

Compôs o primeiro samba (Eu Vou Mostrar) com 10 anos de idade. Sua mãe fundou o primeiro cordão carnavalesco formado só por mulheres negras, que futuramente iria se transformar na Escola de Samba Paulistano da Glória

Geraldo tem o nome ligado à história do Carnaval paulista. Respeitado e querido por todas as escolas, marcou presença na Unidos do Peruche, para quem compôs sambas-enredo, mas é lembrado principalmente por sua ligação com a Vai-Vai. O samba "Vai no Bexiga pra Ver" tornou-se um hino da escola, e "Silêncio no Bexiga" homenageia um célebre diretor de bateria da Vai-Vai, o Pato Nágua. Com o samba-enredo “"Solano Trindade, Moleque de Recife" levou a escola ao título de campeã.

Nos últimos anos de vida trabalhou na organização do Carnaval na cidade de S. Paulo, tornando-se uma referência da cultura negra paulistana. Um aspecto pouco estudado de sua obra é a releitura do samba rural paulista ("Batuque de Pirapora", "Tradições e Festas de Pirapora"), que trazem elementos dos jongos, vissungos e batuques ensinados por sua avó. Deixou poucas gravações, e boa parte de sua obra continua desconhecida. O LP “Geraldo Filme”, gravado em 1980, demorou 23 anos para ser lançado em CD (Eldorado, 2003).

Uma importante gravação de cunho documental e histórico, O Canto dos Escravos, com Clementina de Jesus e Doca da Portela (Eldorado, 1982), também já pode ser encontrada em CD. A gravação do programa Ensaio, realizada em 1982, é outro documento valioso sobre Geraldo Filme (SESC/ TV Cultura)

Suas composições podem ser ouvidas em gravações de Beth Carvalho (BC Canta o Samba de São Paulo), Osvaldinho da Cuíca (História do Samba Paulista), grupo A Barca, entre outros. Existe em vídeo um documentário sobre sua obra, realizado por Carlos Cortez, uma co-produção da TV Cultura, CPC-Umes e Birô da Criação.

Texto de Daniel Brazil

Cole Porter nasceu em Peru, Indiana, no dia 9 de Junho de 1891. Filho de Samuel Fenwick Porter e Kate Cole.

O seu pai era farmacêutico mas a sua mãe era filha de um dos homens mais ricos do Indiana (devido a negócios do carvão e madeira), James Omer Cole, que contribuía para que a família Porter tivesse um nível de vida elevado.
Aos seis anos, Cole começou a ter aulas de piano e de violino, tendo abandonado os estudos do último por preferir o primeiro.

Aos dez anos, Cole compôs a sua primeira música – “Song Of The Birds”- um tema cuja letra tinha sido feita pela sua mãe, sempre apoiou bastante o interesse do filho pela música, tendo mesmo financiado os seus precoces projetos musicais.

Antes de entrar em Yale, em 1913, Cole Porter estudou na Academia de Massachusetts. Foi porém em Yale que a sua carreira de compositor ganhou forma. Aí escreveu vários trabalhos e mais de 300 músicas para várias fraternidades e organizações estudantis.

Nesse período conhece Linda Lee Thomas, os dois tornam-se bastante amigos e a 19 de Dezembro de 1919 assumem o matrimónio. Considerada por muitos sua musa inspiradora.

Chegando a Brodway passa a ser admirado e respeitado. Frank Sinatra é um dos muitos que o considerava "O Senhor da Poesia Cantada" com seu estilo refinado.

Foi então, em 1928, que chegou um dos seus maiores trabalhos. "Let's Do It, Let's Fall In Love", que fazia parte do musical “Paris”, tornou-se um tremendo êxito e finalmente destacou Cole Porter como um dos mais importantes compositores vivos.

Em 1937 Porter sofre um acidente enquanto cavalgava, fraturando ambas as pernas. Os médicos sugeriram que as pernas fossem amputadas mas Linda era contrária a essa opção e eles colocaram de lado a hipótese. Para o resto da vida, e apesar de cerca 30 operações, Porter iria sofrer dores intermináveis nas pernas. O seu remédio foi trabalhar, cada vez em mais composições musicais e sempre apoiado por Linda.

A 20 de Maio de 1954 morre Linda Porter, vítima de enfisema. Devastado pela morte da mulher, e sem o seu apoio, a perna direita de Porter é amputada em 1958. Há quem diga que Porter morreu aqui, pelo menos espiritualmente. Desde então ele nunca mais escreveu uma música e viria a falecer em 15 de Outubro de 1964, deixando para trás uma legião de fãs que ainda hoje escutam os seus temas com uma nostalgia perturbante.
=
Sinfonia Fina


O menino cresceu

não me vê mais com

olhos de poesia

Não tem tempo

para me ligar de madrugada

Não me escreve um bilhete se quer

O menino cresceu, deixou

de acreditar na magia


Cláudia Garrocini

Se Tudo Pode Acontecer


Se tudo pode acontecer

se pode acontecer qualquer coisa

um deserto florescer

uma nuvem cheia não chover


pode alguém aparecer

e acontecer de ser você

um cometa vir ao chão

um relâmpago na escuridão


e a gente caminhando de

mão dada de qualquer maneira

eu quero que esse momento

dure a vida inteira

e além da vida ainda

de manhã no outro dia

se for eu e você

se assim acontecer


se tudo pode acontecer...


Arnaldo Antunes


O tempo
vai mudar
nosso caminho

Meu sorriso
se ilumina
ao teu olhar

Teu sorriso
inebria
minha alma


Voa para mim
e me beija
feito flor
=
Cláudia Garrocini

sábado, 14 de julho de 2007

"Já entrei contigo em comunicação tão forte
Que deixei de existir sendo.
Você tornou-se um eu.
É tão dificil falar e dizer coisas que não podem ser ditas.
É tão silencioso.
Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois?
Dificílimo contar: olhei para você fixamente por uns instantes.
Tais momentos são o meu segredo.
Houve o que se chama de comunhão perfeita.
Eu chamo isto de estado agudo de felicidade!"


Clarice Lispector

Se amar é

Se amar é sentir esta chama ardendo no corpo
Numa explosão de imagens e sonhos nunca vistos
Se amar é sorrir ou chorar sem motivo ou razão
Por lembrar de palavras ou sons nunca ditos
Se amar é não poder sentir saudade e apesar de tudo senti-lo
Como algo tão forte
Numa angústia doída no peito
Se amar é fechar os olhos e ter-te ao meu lado
Sentir teu carinho
Teu corpo
Tua presença em meu leito
Se amar é não tendo-te aqui
Sentir-me feliz por apenas saber existires
Se é a certeza de um dia tocar-te
Amar simplesmente sem questionar ou entender este amor
Então eu te amo
Num sentimento único
Jamais sentido
Jamais sonhado
Jamais vivido

Alice Daniel

Poema Nascido Tarde


Quando nasci tinha trinta e nove anos de idade. Poesia é o nome da minha mãe que me teve numa idade avançada. Como sabem, em idades avançadas não se devia ter filhos porque se corre o risco de malformações nos fetos.
A minha mãe foi avisada pelos médicos, mesmo assim correu o risco e eu nasci.Agora tenho mais dois anos.
Quando passeio no jardim escuto as pombas que param para beber no lago do livro de histórias que leem, enquanto eu me escondo dos meus vizinhos que atiram pedras de papel branco, a mando das mães.
Escondo-me porque nasci tarde, com trinta e nove anos, e sinto vergonha dos outros que nasceram antes de mim.
Os pedúnculos das flores que tenho pelo corpo nasceram ocos. Um dia, cheia de curiosidade, quis saber se os das árvores também seriam iguais. Foi quando me acusaram de ter cortado as veias às árvores do parque e elas morreram. Tentei explicar-lhes que só as queria ver como eram por dentro, e depois ia cozê-las com linhas de costura da minha mãe. Mas ninguém me entendeu e consideraram o acto como um defeito de ter nascido tarde. Agora escondo-me por baixo da capa do livro, cheia de ervas, e fico ali até à noite quando sigo as estrelas dos lençóis da minha cama.
Também não poderei frequentar as escolas porque tenho idade avançada.A minha mãe ralha-me por eu ter nascido tarde mas eu não tenho culpa e ela sabe.Um dia tentei agradar-lhe e arranquei uma flor do meu corpo e dei-a para ela ficar feliz, mas ela pisou-a com o pé.
Os médicos dizem que não tenho cura, serei assim toda a vida: o ter nascido tarde.
Um Médico escreveu à minha mãe que eu podia fazer um tratamento intensivo para aprender a fazer poesia, que assim ia aliviar as minhas dores. Disse à minha mãe para me levar a uma clínica de livros e de leituras para fazer fisioterapia aos músculos das minhas flores; ao mesmo tempo que lia, levava choques eléctricos nos olhos e raios infra – vermelhos, por baixo da pele, no sangue.
Nunca mais fui ao tratamento! Mentia à minha mãe e fugia para o mar. Atirava areias à água com as gaivotas. Um dia a minha mãe desconfiou que não fazia os tratamentos e bateu-me, aqui nas costas, com uma pena, onde tenho a marca nas costelas.
Gostava de ter outra mãe que não fosse tão má.
Esta, quando mamo nos bicos das suas letras. Diz que já não tenho idade para mamar.Ela tem razão mas eu não tenho culpa de ter nascido tarde. Com trinta e nove anos tenho mais fome de cores e imagens. É por isso que lhe trinco os bicos, para ir buscar o que ela tem dentro dela. Sei que lhe dói quando faço isso porque ela grita e não me dá mais.
Gostaria de ter nascido como os outros poetas, com sete ou com nove anos de idade, não mais nem menos.
A minha mãe não teve culpa de eu ter nascido tarde. Foi a bruxa que vive no monte, na casa dos partos que adormeceu durante trinta e nove anos. A minha mãe não queria acordá-la mas teve que o fazer porque já não podia estar grávida, mais tempo, porque o mar se soltou rebentado pelas pernas abaixo.
Foi por isso que eu só nasci aos trinta e nove anos.


Ana Maria Costa

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Todo sentimento
Precisa de um passado pra existir
O amor não
Ele cria como por um encanto
Um passado que nos cerca
Ele nos dá a conciência de havermos vivido anos a fio
Com alguém que a pouco era quase um estranho
Ele supre a falta de lembranças
Por uma espécie de mágica

E.E. Cumings


A sedução e o mistério te atraem,

sei que primeiramente vens pelo meu brilho

e pelo meu desenho de fêmea, mas não sabes que sou alma antiga,

alma guerreira, alma ferida.

Tenho meus medos, fraquezas e fúrias

são tantas as minhas ruas e todas elas se encontram.

Por quais você quer andar, que horas, que lua,

que mulher vais querer?



Carolina Salcides

A vida e os sonhos
São folhas do mesmo livro:
Lê-lo em ordem é viver,
Folheá-lo é sonhar
=
Arthur Schopenhauer

Dia Internacional do Rock


Bom e velho Rock'n Roll, o cinquentão que rejuvenece a cada dia.

Bom de Ouvir - Bom de Ver

Eddie Vedder - Pearl Jam




David Coverdale - Whitesnake




Anthony Kiedis - Red Hot Chili Peppers



Scott Stapp - Creed

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Gosto do azul.
Gosto de flores.
Gosto de paz.
Gosto do silêncio.
Gosto de música.
Gosto de ti acima de tudo.


A kiss is more than a touch of lips

it is a touch of two hearts,

of two souls,

of two glowing portions of the life spirit.


Um beijo é mais do que um toque dos lábios

é um toque de dois corações,

de duas almas,

de duas parcelas incandescendo do espírito da vida.


Fernando Pessoa

Se você não consegue entender meu silêncio de nada irá adiantar as palavras,
pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos.
=
Oscar Wilde

...Me cuidarei, pode deixar.
Me cuidarei para estar inteira amanhã de novo, para te ver de novo, te beijar de novo.
Me cuidarei para me tocares com suavidade, para nunca encontrares um arranhão sobre a minha pele.
E cuidarei do meu humor, dos meus cabelos, cuidarei para não perder a hora, cuidarei para não me apaixonar por outro, cuidarei para não te esquecer, vou me cuidar.
Fica a meu encargo voltar pra você do mesmo jeito que você me viu hoje.
É de minha responsabilidade não ficar triste, não deixar ninguém me magoar, não deixar que nada de ruim me aconteça porque você me ama e não agüentaria.
Claro que me cuido, nem precisava pedir.
Te cuida, dissera ele. E eu ouvi como se fosse um
Te amo...

=
Martha Medeiros

Em cada um de nós
há um segredo,
uma paisagem interior
com planícies invioláveis,
vales de silêncioe paraísos secretos
=
Saint Exupery

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Inspirada nos shows, o Live Earth, onde tiveram a participação de nomes conhecidos da música como Roger Waters, Genesis , Lenny kravitz, Madona, Linkin Park, Joss Stone, a agradável volta de The Police cada um em determinado lugar, já que os shows ocorreram em diversas partes do mundo, sem contar a participação de 12 meninas que para mim foi novidade, meninas que tocam lindamente, 12 Girls Band.

O Brasil também teve suas participações, dentre elas, escolheram uma para ser mostrado no programa exibido pela televisão, junto com os nomes citados acima vinha o Brasil, com a participação de Xuxa.

Bom, temos que pensar pelo lado de que no caso dela é uma formadora de opinião, já que está ligada diretamente às crianças, mas se tratando de música poderíamos ter sido melhores representados.

Tiveram artistas também que se recusaram a participar, alegando não serem figuras mais aconselhadas para engrossar um show onde o intuito, era conscientizar o mundo da urgente necessidade de cuidarmos melhor do nosso planeta, já que, cada show da banda usava em média a quantidade de energia para abastecer 10 residências.

Mas se essa é a maneira de gritar ao mundo que o momento agora é o de agir e não mais o de pensar, que sejam feitos mais shows, e que com essas apresentações possamos entender e fazer o que nos é possível.

E cada um de nos pode e deve fazer algo.
A começar pelo lixo, que se pensarmos bem, lixo não existe.
É um absurdo achar que, tudo o que está misturado, papel, garrafa, plástico, enfim tudo, passa a ser lixo justamente por estarem misturados, mas se separarmos deixa de ser lixo e passa a ser recurso novamente.

E é bem mais fácil separar o próprio lixo, do que depois de jogada
em uma montanha de novos "lixos".

O Live Earth teve um Provérbio Africano como destaque, uma frase que faz pensar.

"O planeta que vivemos hoje
não nos foi dado pelos nossos pais;
ele nos foi emprestado pelos nossos filhos."



Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até
que chegue a diligência do abismo.
Não sei onde me levará, porque não sei nada.
Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela;
poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros.
Não sou, porém, nem impaciente nem comum.
Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim.
Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem,
e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
=
Fernando Pessoa



Quando o que não é seu, diz o que você quer dizer...