quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Quero dizer-te uma coisa simples:
a tua ausência dói-me.
Refiro-me a essa dor, que se limita à alma;
mas que não deixa, de deixar alguns sinais:
um peso nos olhos, no lugar da tua imagem,
e um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes
tivessem roubado o tato.
São estas as formas do amor, podia dizer-te;
e acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas,
quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade.
Porém, é o sonho que me traz a tua memória;
e a realidade aproxima-me de ti,
agora que os dias correm mais depressa,
e as palavras ficam presas numa refração de instantes,
quando a tua voz me chama de dentro de mim
e me faz responder-te uma coisa simples,
como dizer
que a tua ausência me dói.
Nuno Júdice

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