sexta-feira, 13 de abril de 2007

Em que pensar, agora, senão em ti?
Tu, que me esvaziaste de coisas incertas,
e trouxeste amanhã da minha noite.
É verdade que te podia dizer
“ Como é mais fácil deixar que as coisas não mudem,
sermos o que sempre fomos,
mudarmos apenas dentro de nós próprios?”
Mas ensinaste-me a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide.
Mas é isto o amor, ver-te mesmo quando te não vejo,
ouvir a tua voz que abre as fontes de todos os rios,
mesmo ele que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo,
para ganhar o tempo que o tempo nos rouba.
Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar:
com a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água fresca que eu bebo,
com esta sede que não passa.
Tu: a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,
como gostas de mim,
até ao fim do mundo que me deste.
Nuno Júdice

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