domingo, 10 de fevereiro de 2008

É quando estás de joelho


É quando estás de joelhos

que és toda bicho da Terra

toda fulgente de pêlos

toda brotada de trevas

toda pesada nos beiços de um barro

que nunca seca nem no cântico dos seios

nem no soluço das pernas

toda raízes nos dedos nas unhas

toda silvestre nos olhos

toda nascente no ventre

toda floresta em tudo

toda segredo

se de joelhos me entregas

sempre que estás de joelhos

todos os frutos da Terra.

David Mourão Ferreira