domingo, 31 de agosto de 2008

No Silêncio dos Teus Olhos


Nalgum lugar em que eu nunca estive
Alegremente além de qualquer experiência
Teus olhos têm o seu silêncio:
No teu gesto mais frágil há coisas que me encerram
Ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
Embora eu tenha me fechado como dedos
Nalgum lugar
Me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
Tocando sutilmente misteriosamente a sua primeira rosa
Ou se quiseres me ver fechado

Eu e minha vida nos fecharemos belamente
De repente, assim como o coração desta flor imagina
A neve cuidadosamente descendo em toda a parte
Nada que eu possa perceber neste universo igual
Ao poder de tua imensa fragilidade:
Cuja textura compele-me com a cor de seus continentes

Restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
Não sei dizer o que há em ti que fecha e abre
Só uma parte de mim compreende que a
Voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas
Ninguém, nem mesmo a chuva
Tem mãos tão pequenas


Edward Estlin Cummings

1 comentário:

Paulo Ribeiro Alvarenga disse...

Seu blog é lindo! Um sonho que me fez viajar gostoso...Adorei!

Se quiser saber um pouquinho de mim, visite a minha página...
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/paulozzipperr

beijos e tenha um ano novo bem produtivo e feliz...vou...Vruummmmmmmmmmmmmmmmmm...